Sempre, sempre acontecia! Todas as noites meus pesadelos eram regados pela visão obtida com a pequeníssima brecha na porta do meu quarto. Minhas tentativas de sumir com aquela brecha eram, sem exceções, falhas. Por mais que eu fechasse a porta; nem com força, nem trancando, aquela brecha se desfazia. Havia algo através daquela abertura, algo que eu desejava incessantemente
descobrir e, claro, me livrar.
A voz daquela coisa, sua voz... Era repugnante! O irônico "Kenny, venha brincar", dito por aquilo toda santa noite, divulgava-me um fato horripilante e desagradável: ele sabia meu nome! Mesmo que sua voz já tivera sido por mim ouvida, uma única parte do corpo, apenas uma, eu tinha ciência - a qual sinceramente eu desejava nunca ter conhecido: os olhos. Eram apenas pequenas bolinhas amarelas, destacando-se em meio ao negro forte de seus glóbulos oculares, no entanto o medo que podiam transmitir era tão imenso quanto o amor de uma mãe...
Toda noite meus batimentos cardíacos aceleravam, meus olhos se arregalavam, o suor escorria pelo meu rosto, rápido e abrupto, tal como uma gazela fugindo de um leão voraz. A sensação nauseante de encarar aquela brecha, aquela criatura... Escutar os sons da voz rouca daquele ser abominável! Terrível! Todavia, um dia esse pesadelo teve fim - infeliz, diga-se de passagem.
Foi o dia em que eu tomei coragem - por pura precipitação - de ir até aquela porta e desvendar o mistério que tanto me angustiava, descobrir o que demônios jazia naquela maldita brecha. Ideia definitivamente decepcionante. Difícil foi descobrir a natureza sádica omitida por trás desse pesadelo quase inacabável.
Traumático, impossível, inadmissível! Tenebrosamente impossível admitir que na realidade o que tanto me assombrara, era a verdadeira forma do ser que me criou...
Aquilo era minha querida mamãe...
Autor Leon Leonidas do Predomínio do Terror.
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