Eu e Jonas, um amigo de infância, resolvemos explorar a chamada Mata do Diabo. Era uma floresta comum até que, certa noite sem lua, um meteorito atravessou o céu aberto e caiu em seu coração, provocando um estrondo ensurdecedor. A explosão pôde ser ouvida a quilômetros dali e dizem que tal evento abriu uma cratera de dimensões fenomenais, destruindo metros e metros à sua volta. E ainda dizem que foi liberado um vapor que transformou a vida vegetal e animal ali presente. Não é preciso dizer que surgiram lendas tenebrosas a respeito do local, que passou a ser evitado por todos e que foi batizado por tão chamativo nome. Diziam que quem ousasse se aventurar por aquelas bandas ou desaparecia ou ficava mentalmente perturbado. Pelo menos, essa era a história que costumávamos ouvir dos mais velhos.
Moramos numa pequena cidade e essa floresta, a Mata do Diabo, não ficava tão longe. Era só pegar uma antiga estrada e uma boa caminhada nos levaria até lá. Nós dois sempre partilhamos do gosto pela aventura, pela exploração de mistérios, e por assuntos mais sombrios e invulgares. Resolvemos explorar o lugar, mesmo que nossos pais proibissem-nos de tal inconsequência, segundo suas próprias palavras. Preparamos nossas mochilas com algumas coisas necessárias, mentimos para os pais e partimos para a tão temida mata. Queríamos ver aquilo com os nossos próprios olhos e achávamos que conosco, seria muito diferente dos supostos desaparecidos ou perturbados.
Moramos numa pequena cidade e essa floresta, a Mata do Diabo, não ficava tão longe. Era só pegar uma antiga estrada e uma boa caminhada nos levaria até lá. Nós dois sempre partilhamos do gosto pela aventura, pela exploração de mistérios, e por assuntos mais sombrios e invulgares. Resolvemos explorar o lugar, mesmo que nossos pais proibissem-nos de tal inconsequência, segundo suas próprias palavras. Preparamos nossas mochilas com algumas coisas necessárias, mentimos para os pais e partimos para a tão temida mata. Queríamos ver aquilo com os nossos próprios olhos e achávamos que conosco, seria muito diferente dos supostos desaparecidos ou perturbados.
Saímos da cidade pela manhã, cruzamos a estrada e enfim, chegamos à famosa Mata do Diabo. Estávamos excitados com a aventura, mas à medida que íamos nos aprofundando na floresta e percebíamos a decrepitude do local, a coragem e a arrogância iam se esvaindo pouco a pouco. Porém, como não gostávamos de parecer fracos um para o outro, continuamos em frente. O que mais me inquietava era o silêncio sepulcral do lugar: não se ouvia insetos ou aves, apenas os nossos passos. Ambos estávamos em silêncio, e por isso, eu não sabia se Jonas também observara tal ausência de ruídos, que seriam normais para uma floresta. Eu não quis expressar em palavras a opressão crescente que estava sentindo ali, naquele momento. Estranhos miasmas ajudavam a dar um clima fantasmagórico à mata.
Nós sabíamos que a localização da cratera estava perto da cachoeira, então, ainda faltava um bom pedaço. Aliás, diziam que até mesmo sua água, antes limpa, tornou-se venenosa. Continuávamos em silêncio e eu, às vezes, olhava de rabo de olho para o rosto de Jonas e senti que ele também se sentia meio desconfortável, apesar de não o confessar. Com o silêncio persistente de ambos junto com a atmosfera local que ficava cada vez mais pesada, quase palpável, formava-se então, uma verdadeira nuvem de chumbo que pairava sobre nossas cabeças. Em pensamento, praguejei contra mim mesmo e quase cheguei ao ponto de me render ao medo que me espreitava atrás de cada árvore retorcida. Uma súplica para que desistíssemos daquela empreitada ficou presa em minha garganta, mas eu não queria admitir e não queria sucumbir ao medo. Um garoto nunca admite medo perante seu amigo ou outro qualquer.
De repente, para minha surpresa, Jonas começou a cantarolar. Aquilo me animou e comecei a sentir que aquele meu medo era pura besteira. Sorri e quase gargalhei, apesar de que ainda sentia aquele ar denso esmagando o meu ânimo. Agora, deviam faltar uns vinte minutos de caminhada até a cachoeira. Jonas, então, disparou a correr e novamente, me pegou desprevenido. “Quem chegar por último paga uma Coca-Cola gelada para o vencedor”, desafiou e riu. Jonas era mais rápido do que eu e facilmente, ganhou terreno à minha frente. Devido ao meu estado de nervosismo, já me sentia exausto e o pouco que corri, já me deixou ofegante. Gritei para Jonas me esperar, mas foi inútil. Bom, pelo menos, um de nós está com disposição, falei para mim mesmo, e Jonas se perdeu da minha vista, entre aquelas antigas árvores. Resignei-me com as possíveis zombarias dele mais adiante e então, ouvi um grito pavoroso.
Minhas pernas se paralisaram na hora. Gritei por Jonas e não houve resposta. Tentei andar, mas meus joelhos chacoalhavam. Com certeza, era uma brincadeira de Jonas, mas aquele lugar havia minado lentamente meus nervos. Gritei seu nome outra vez. Em vão. Nesse momento, senti-me como um intruso ali e que meu barulho todo estava profanando o silêncio daquele sepulcro limbônico. Resolvi ficar quieto e esperar, pois assim o silêncio, de certa forma, me camuflaria. E então, eu ouvi um estranho ronco a alguns metros à minha frente, e nisso, senti um calafrio percorrer todo o meu corpo. O que me causou essa sensação é que não estava conseguindo associar aquele som a nada que eu já tivesse ouvido antes. Um bolo de apreensão formou-se em meu peito e uma saliva pastosa amargava minha boca enquanto ouvia aquele ronco se tornar cada vez mais próximo de mim. Não tinha certeza se era Jonas querendo me pregar uma peça e não queria me arriscar. Escondi-me atrás de uns altos arbustos pálidos e ali fiquei, com o coração pulsando como se fosse explodir a qualquer momento.
Alguns instantes se passaram e eu já estava ensopado de suor. O ronco, agora, estava ao meu lado. Abaixei-me ainda mais, procurando visualizar o que estava ali comigo. E a imagem que eu vi, meu cérebro demorou um pouco para processar: uma pessoa engatinhando com uma espécie de fantasia de coelho. Ao mesmo tempo, era uma coisa bizarra e ridícula de se ver, e tive certeza, então, que era mesmo o Jonas querendo me dar um susto. Por um raio de segundo, cheguei a pensar: “Se ele queria me botar medo, pelo menos que arranjasse uma fantasia mais assustadora do que esse do Pernalonga!” O safado a devia ter trazido dentro da mochila e esperou o momento para tentar me pegar de surpresa.
Queria levantar-me dali para dar uma bela bronca no Jonas e depois, rir junto com ele e parabenizá-lo, pois aquela fantasia era mesmo muito realista. Mas alguma coisa me segurou. Aquele ronco me incomodou muito, pois não parecia ser um som humano, mesmo que alguma pessoa quisesse se passar por um bicho. Era um ruído animal mesmo e foi o que me fez continuar escondido no meio dos arbustos, esperando e observando. De certa forma, eu me senti um idiota: pelas proporções anatômicas dele, só podia ser uma pessoa ali. Levantei um pouco a cabeça e constatei: realmente, é uma fantasia perfeita tanto na cabeça como na pelagem, mas o corpo é humano, com braços, pernas e tal. Quando eu, finalmente, resolvi que iria sair do meu esconderijo, aquilo soltou um ganido assustador e fez-me estremecer e recuar.
A criatura parou de se mover e começou a olhar em todas as direções, parecendo farejar o ar. E isso fazia com que, ameaçadoramente, escancarasse sua boca e exibisse caninos afiadíssimos como o de um tubarão. Pude perceber, então, que ele estava sujo de sangue. E seus olhos? Seus olhos eram dois buracos negros, frios e selvagens. Não, aquilo não era mesmo humano! Encolhi-me ainda mais e fiquei com medo até mesmo de respirar, pois temia que ele sentisse minha presença. Nunca havia sentido o pavor que estava sentindo ali! Ele continuava parado, aparentando uma certa cautela e ainda movia o focinho como se quisesse absorver algum cheiro estranho ao local. Tive vontade de sair correndo desesperadamente dali, mas com certeza, a criatura seria muito mais rápida e me alcançaria. A essa altura, sentia meu corpo paralisado e formigante, e parecia que ia vomitar meu coração. Fiquei com medo dele ouvir meus batimentos cardíacos, que naquele meu estado, pareciam ecoar pela mata.
De repente e para certo alívio, a coisa começou a saltar como um coelho normal, só que de maneira mais monstruosa e sumiu numa velocidade impressionante. Ainda trêmulo, esperei alguns eternos e agonizantes minutos, até que eu tivesse a certeza de que ele estaria a uma distância segura de mim e corri, desenfreadamente, em direção à estrada. Cheguei a ouvir o ganido da coisa a uma longa distância atrás de mim e perdi qualquer noção de tempo, espaço e realidade. Encontraram-me com algumas escoriações e em estado de choque na estrada, dizendo coisas sem sentido e Jonas... Jonas jamais foi visto novamente.
Já a criatura...Não posso dizer o mesmo...
Caraca velho :O
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